domingo, 28 de outubro de 2012

ENTRE O BRANCO E O VERMELHO, HÁ CINQUENTA TONS DE ROSA!


Em pesquisa realizada no ano de 2010, em todo o país, entre estudantes do ensino público e privado, o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas, foram constatado os seguintes fatos:
Os adolescentes (12-18 anos) possuem 5 tipos de padrões de consumo de substâncias psicoativas.
1x na vida, ultimo 12 meses, ultimo 6 meses (ocasional), ultimo
 mês, mais de 1x por mês.
Qual a droga mais consumida entre os adolescentes? Enganou-se quem pensa que é a famigerada cannabis. É o alcool! Não era o intuito da pesquisa saber quais os motivos que levam os adolescentes a buscarem o uso da substância e sim qual era(m) a(s) substância(s) consumidas.
Por mais incrivel que possa parecer, 60,5% dos entrevistados já tinham usado pelo menos uma vez na vida, outros 21,1% no ultimo mês e 1,6% consumia quase que diariamente, ou em quantidades que podem ser consideradas abusivas.
O #crack, por outro lado, sendo o vilão da vez, a #droga que vicia após a primeira tragada, aquela que mata e destrói famílias já tinha sido experimentada por apenas 0,6% dos entrevistados, os usuários pesados representavam apenas 0,1%.
O que isso significa? Que o plano nacional de combate ao crack é uma falácia, da maneira da qual foi apresentada. O governo federal alardeia uma falsa epidemia, para implementar medidas que tem mais a ver com #higienizaçãosocial do que tratamento ou prevenção.
É só ver o caso emblemático das Cracolandias de SP e do RJ. Programas fadados a não darem certo, pois visam apenas questões eleitoreiras, para acalmar uma população amendrontada e mal informada.
Preferimos propagar a ignorância e mal informação, ao aceitarmos informações questionáveis e pesquisas sempre realizadas por profissionais tendenciosos, para não dizer outro termo.
Isso não significa, DE MANEIRA ALGUMA, nenhum incentivo ao uso de psicoativos. Reafirmo isso, pois a tendência é acreditarem que só pelo fato de você se posicionar pelas liberdades individuais, não significa que você seja usuário.
O paradigma do ideal moderno, ser bonito, lindo, bem sucedido, ter um carro, um belo emprego, falar 3 linguas, cursar 4 faculdades, eu sou mehor do que o outro, é o efeito da cocaína. #societycocaine
Durante 100 anos, informações massificadas, confusas e distorcidas foram disseminadas espalhando o medo e gerando racismo e preconceito. As drogas são a solução mágica para todos os problemas criados pelo homem. É a patologia da modernidade.
Pelo #fimdaguerra #porumapoliticadedrogasquefuncione

Repúdio a Revista Veja


Repúdio total a #revistaveja Ou o jornalista e o editor que aprovaram e produziram a matéria são muito inconpetentes, ou realmente a revista está demostrando o quanto é tendenciosa e. Ao menos assuma em seu editorial que é uma publicação.
Em uma semana que diversos artigos científicos foram publicados sobre as propriedades benéficas da cannabis no combate ao cancer, esquizofrenia, fobias sociais, o "grande veiculo" de comunicação presta um verdadeiro desserviço publico ao contradizer baseado em questões morais que divergem dos artigos.
Todos temos o direito de expressar a livre opinião, porém sempre c

om cautela, tentando ao máximo esclarecer 2 pontos de vista para que as pessoas formem as suas próprias opnioes.
Mas, não é o que acontece. A revista influencia negativamente no avanço do debate, em um momento especialmente critico em que vivemos, que temos que discutir e debater com SERIEDADE a questão das drogas. LICITAS E ILÍCITAS, claro. Pois os editores nunca irão publicar matérias dizendo que o álcool e o cigarro causam tanta dependência quanto a HEROÍNA, pois contraria os interesses publicitários da INBEV, um dos maiores anunciantes da revista.
Como disse Gil Scott Heron " a revolução não sera televisionada"

 A quantidade de falácias produzidas na matéria são tantas que nem perco meu tempo desmentido-as. E que eu saiba, um repórter quando vai fazer uma checagem de fatos, o faz com 3 fontes diferentes, confiáveis e que de preferencia não compartilhem da mesma opnião.
O "especialista" em dependencia quimica (que não cito o nome pois não dou ibope pra canalha) possui 2 clinicas de tratamento, das mais caras do país. Em qualquer país civilizado isso seria tratado como conflito de interesses, mas pra ele não, inclusive indicado para a SENAD (Secretaria Nacional de Politica sobre Drogas)

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Obrigado, hoje não!

Estou em Curitiba, participando do X Congresso Brasileiro de Terapia Familiar. 
Apesar de não ser a área de estudo da Psicologia que me desperta mais interesse, resolvi participar, pois um dos eixos principais do Congresso é sobre o papel da familia com o dependente químico, usuário.
Cada vez mais, percebo como esse tema (dependência) é complexo é requer inter diciplinaridade, se quisermos pensar em bons resultados. Sim, pois solução não existe. Como disse uma das debatedoras, Eroy da Silva, "melhor pensarmos em solucinhas," isto é, pequenas ações que podem resolver parte do problema.
Ainda tem muita pedra para ser quebrada, muito preconceito a ser vencido, muita gente hipócrita ditando as regras, pensava nisso, fazendo uma avaliação do dia e admirando as belas ruas do centro de Curitiba, quando de repente aparece um moleque, que não devia ter mais do que 18 anos e diz:
"Aí véi, quer um beck?" - me oferecendo se eu queria comprar maconha.
Na hora pensei, "putz, depois de uma sessão de comida alemã...um digestivo agora ia ser ideal" - se fosse outra época teria aceitado a oferta na hora.
Ainda pensei em fazer uma provocação, e perguntar se ele "só possuía cannabis, ou tinha variedade de ilícitos no cardápio?"
Mas achei melhor ficar quieto, vai que ele não entende a piada. Ou vai que ele tem, e aí ia ficar feio pro meu lado...
"Obrigado, hoje não!" - e continuei a minha caminhada, sem preocupação nenhuma, mindin'my own bussines.
Nem na cracolandia alguém é tão displicente, sai perguntando se você quer a droga ou não, você sabe que tem, pergunta prá, outro e de repente acha, e quando dobro a esquina para voltar ao hotel, dou de cara com um prédio da Secretaria da Segurança Publica, claro, fechado pois já é de noite, mas eu já tinha ouvido em várias ocasiões, que conseguir maconha em Curitiba é tão fácil quanto churrasco grego em SP. 
E ainda existe gente refratária a repensar a politica de drogas no Brasil.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Carta aberta para Barbara Gancia


Querida Barbara,
Quando vi os comentários no Twitter a respeito da sua coluna na Folha de SP hoje a respeito do AA, me apressei a lê-la. Primeiro porque gosto muito do seu jeito de escrever, honesto, sem firulas, na lata.  
Segundo por ser uma "alfinetada" em um dos grandes nomes da psiquiatria/psicanálise.
Terceiro porque, assim como você, sou dependente químico. Como te twitei, e você gentilmente me respondeu, a minha droga de preferência é a cocaína. Estou "clean" a 1 ano, depois de quase 15 anos de vida loka. Experimentei de tudo, do álcool ao crack, passando pela maconha e pelos alucinógenos, mas me apaixonei pela cocaína. Era o que me completava. Era o que eu precisava para funcionar melhor, para pensar melhor, para trepar melhor, para fugir dos meus problemas, para aturar minha família, para tantas coisas.
Até o dia que o prazer se tonou escravidão. Como venho de uma família muito careta, antiquada, e religiosa, nunca pude abrir o jogo e dizer que era usuário de drogas, imagine você a decepção. Tentei abandonar sozinho. Consegui, durante uns 2 meses e voltei, mais louco do que nunca, até o dia que rodei com a polícia. Me extorquiram quase 30 mil por conta de 2 papelotes de cocaína, e ainda fizeram o favor de fazer a extorsão do meu pai.
Meu pai para não matar minha mãe de desgosto, e do coração, pois minha irmã havia se suicidado anos antes, resolveu que era melhor mantermos esse segredo entre nóa. Durante um tempo, consegui ficar longe. A culpa era tamanha que nem me passava pela cabeça cheirar novamente, até que…
Até o dia que eu percebi que não dava para viver sem, não dava para sair e não tomar um drinque, e não dava para tomar um drinque e não cheirar, e não dava para cheirar e não tomar uns comprimidos, e assim sucessivamente.
Voltei a vida loka. Mas mantendo as aparências, sempre. Até o dia em que eu me cansei de tudo isso. dia 29 de junho de 2011. Decidi tirar minha vida pois não tinha coragem de pedir ajuda e não queria mais viver daquela maneira. Deu tudo errado. Não me lembro do que aconteceu. Só sei que acordei 15 dias depois no Hospital São Luiz, com diversas fraturas, face, mãos, braços, costelas. Provavelmente fui atropelado. Fiquei quase 3 meses internado no hospital. 
Bem na época em que era lançado o documentário Quebrando o Tabu. Resolvi embarcar na mesma viagem, contando a minha ótica da história. A do cliente, deste lado do balcão. Do usuário, do viciado, como essa educação, como essa política de drogas esta fadada a dar errada, como ela é falida. O que adianta falar tão mal da maconha e praticamente incentivar o uso do álcool por menores de idade?
Estou escrevendo um livro, ingressei no curso de Psicologia e cada vez mais quero estudar e aprender sobre as mais variadas tipos de ajuda e políticas. Acho que falta debate, falta diálogo neste país, para todos os assuntos polêmicos. Sexo, drogas, casamento homossexual, aborto, religião. E ninguém respeita a opinião de ninguém. 
Os da esquerda não respeitam a opinião da direita e vice e versa. Muito corajosa é você de dar a cara a tapa em um jornal de grande circulação e depois ficar ouvindo baboseiras de todo os tipos dizendo que você não soube interpretar o que o "CC quis dizer" e tal.
Como diz um mano lá do Capão Redondo,
"Nada como um dia, após um outro dia."
Beijos  
F.M

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Parabéns para mim!



Hoje completam 365 dias que estou #drugfree, sóbrio, careta. Deveria estar radiante de felicidade por ter conseguido ficar 1 ano limpo, mas não estou. Quer dizer, também não estou triste, mas não estou 100% feliz. Isso porque sempre que fazemos algo impressionante, digno de comemoração, queremos extravasar, nos divertir, sair para beber. Eu não posso. Eu não sei brincar. Nunca soube.Foi algo que aprendi durante esse ano. Isso é uma das coisas boas de se estar sóbrio, você conhece a mecânica do funcionamento das suas fugas, os recônditos mais sombrios da sua alma, a perversidade do seu poder de sedução para conseguir aquilo que você quer. E como é difícil que essa personalidade aparentemente e forte, é tão fraca, tímida e carente. Aprende também que não existe apenas uma maneira, uma opção para se celebrar algo.Tem muita gente por aí que acha que eu sou um depravado, que em 2 tempos eu vou voltar a vida loka, e eu te digo: “Ae Zé Povinho, é com teu olho gordo, é com tua raiva que eu me fortaleço. É para provar pra vocês!” Ficar sóbrio no mundo real é muito mais difícil, as tentações estão constantemente ao seu lado, todos os dias, durante vários momentos, e são escolhas que você tem que aprender a fazer. A euforia, a taquicardia, a hiperatividade, a aceleração, o congelamento emocional...mas aí tudo o que sobe tem que descer. Ficar louco de cocaína era muito bom...mas ficar sóbrio é bem melhor! Como diz o Brown, “nada como um dia, após um outro dia”!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Palestra Abramd

Hoje, 25 de fevereiro, foi realizado um debate promovido pela Abramd (Associação Brasileira Multidisciplinar sobre Estudo de Drogas) em que o palestrante principal foi o Dr. Dartiu Xavier, um dos mais controversos profissionais da área de estudos da psiquiatria e dependência química.
Devo admitir que eu mesmo tinha minha relutância em me aprofundar nas técnicas desenvolvidas pelo Dr. Dartiu, até perceber que falávamos a mesma língua, isto é, a humanização do tratamento do dependente, do viciado.
Que cada caso é um caso, e que realmente leva tempo e um esforço muito grande de todas as partes envolvidas para lidar com a doença. Por isso que por muitas vezes, as soluções são as paliativas, polícia, tratamentos involuntários, clinicas terapêuticas.
Faço aqui o "merchan" do bem divulgando o trabalho da abramd.org.br e informo sobre o lançamento do livro "Adolescência uso e abuso de drogas: uma visao integrativa; organizado pelas professoras Eroy Aparecida e Denise de Micheli.